quarta-feira, 18 de maio de 2011

Antônio Castilho de Alcântara Machado d'Oliveira- Júlia Magrin 17



         Nasceu em São Paulo em 25 de maio de 1901.Foi um jornalista, político e escritor brasileiro. Formou-se em direito no ano de 1924, na Faculdade de Direito de São Paulo , onde seu pai, José de Alcântara Machado, era professor
Porém Alcântara nunca exerceria a profissão de advogado, preferindo aos dezenove anos iniciar a carreira de jornalista. Começou escrevendo críticas de peças de teatro para o jornal, depois começou a  escrever crônicas e reportagens que viriam a dar origem ao seu primeiro livro, Pathé-Baby ( 1926). Apesar de não ter participado da  Semana de Arte Moderna de 1922 , iniciou escrevendo  contos e crônicas modernistas.
Uma de suas obras mais conhecidas é Brás, Bexiga e Barra Funda(1928), uma coletânea de contos que trata da vida de italianos e descendentes  na cidade de São Paulo e apresenta uma  linguagem livre, próxima da coloquial.
Em 1928, após a publicação da coletânea, uniu-se a Oswald de Andrade para fundarem a Revista de Antropofofagia. Nas suas obras fazia uso de uma linguagem leve, bem-humorada e espontânea. Mudou-se para o Rio de Janeiro onde foi eleito deputado federal, porém morreu antes de tomar posse devido a  complicações de uma cirurgia do apêndice. Morreu no Rio de Janeiro, em 14 abril de 1935.  Seu pai, o escritor e jurista José de Alcântara Machado, nunca se refez do forte abalo causado pela morte do filho e faleceu em 1941 e foi sepultado juntamente com o filho no Cemitério da Consolação , em São Paulo.


                                Antônio Castilho de Alcântara Machado d'Oliveira

                                         Brás, Bexiga e Barra Funda(1928)
 
 
Gaetaninho

— Xi, Gaetaninho, como é bom!
Gaetaninho ficou banzando bem no meio da rua. O Ford quase derrubou e ele não viu o Ford. O carroceiro disse um palavrão e ele não ouviu o palavrão.
— Eh! Gaetaninho! Vem pra dentro.
Grito materno sim: até filho surdo escuta. Virou o rosto tão feio de sardento, viu a mãe e viu o chinelo.
— Súbito!
Foi-se chegando devagarinho, devagarinho. Fazendo beicinho. Estudando o terreno. Diante da mãe e do chinelo parou. Balançou o corpo. Recurso de campeão de futebol. Fingiu tomar a direita. Mas deu meia volta instantânea e varou pela esquerda porta adentro.
Eta salame de mestre!
Ali na Rua Oriente a ralé quando muito andava de bonde. De automóvel ou carro só mesmo em dia de enterro. De enterro ou de casamento. Por isso mesmo o sonho de Gaetaninho era de realização muito difícil. Um sonho.
O Beppino por exemplo. O Beppino naquela tarde atravessara de carro a cidade. Mas como? Atrás da tia Peronetta que se mudava para o Araçá. Assim também não era vantagem.
Mas se era o único meio? Paciência.

Brás, Bexiga e Barra Funda(1928)

Fontes:

 

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